Exame do Líquido Cefalorraquidiano

Exame do Líquido Cefalorraquidiano



O que é o Líquido Cefalorraquidiano (Líquor / LCR)?

O líquido cefalorraquidiano (líquor ou LCR) é o líquido que banha o sistema nervoso. É produzido no cérebro, circula pelo seu interior e chega até a porção mais baixa do sistema nervoso, dentro da coluna vertebral.

O exame do líquido cefalorraquidiano é importante método auxiliar para o diagnóstico de algumas doenças do sistema nervoso, como meningite, além de servir também para a introdução de medicamentos no sistema nervoso e para a retirada de quantidade excessiva de líquor em algumas condições especiais, como a hidrocefalia de pressão normal ou outras hidrocefalias comunicantes.

Como é feito do exame do LCR?

O exame é realizado através da punção do espaço subaracnoide, para a análise das características físicas, citológicas, microbiológicas e bioquímicas do líquor. Será realizada a limpeza (assepsia) local com solução apropriada e o médico irá proceder à palpação da coluna para localizar o melhor ponto para a punção.

Em geral é realizada anestesia local e, após a introdução da agulha, será retirada uma quantidade variável de líquido, dependendo dos exames solicitados pelo seu médico assistente (em geral de 4 a 6 ml). Essa quantidade de líquido é reposta após minutos e não faz falta ao organismo. Atualmente, nos laboratórios são usadas sempre agulhas descartáveis, preferencialmente de calibre fino.

Habitualmente, realiza-se a medida da pressão de abertura (pressão inicial) do líquor e então realiza-se a coleta da quantidade necessária de material para análise dos parâmetros solicitados pelo médico do paciente. Para pacientes que não cooperam, por qualquer motivo, com a realização do exame, pode ser indicada a sedação ou anestesia geral, em ambiente hospitalar, para que o líquido cefalorraquidiano seja coletado.

Atualmente essa punção tem sido realizada apenas na região lombar e, excepcionalmente, na região suboccipital (na região da nuca), quando em condições específicas e sob a solicitação do médico do paciente. O paciente deverá deitar-se de lado, de costas para o médico, sobre o lado direito habitualmente, permanecendo com as pernas e coxas encolhidas.

Essa posição facilita a penetração da agulha no espaço adequado. Em alguns casos, a punção poderá ser realizada com o paciente na posição sentada; entretanto, nessa posição, a medida da pressão de abertura não é fidedigna, por ficar superestimada em tal posição.

Existe algum preparo especial ou contraindicação para a realização do exame?

O exame não requer um preparo específico, mas existem algumas contraindicações à punção liquórica, tais como: presença de lesão expansiva com efeito de massa, no cérebro; presença de distúrbios graves da coagulação e contagem muito baixa de plaquetas; uso de anticoagulantes; e presença de infecção ativa no local da punção.

O médico do paciente solicitará alguns exames, quando necessário, antes da possível coleta de líquor, para que a coleta seja realizada de forma segura. Em alguns casos, será necessária a realização de um exame de imagem, como Tomografia Computadorizada ou Ressonância Magnética.

O que pode acontecer e o que devo fazer após a punção?

A dor que acompanha a punção lombar ou a punção suboccipital é semelhante àquela da coleta do exame de sangue, embora a sensibilidade à dor varie muito de pessoa para pessoa.

Após submeter-se à punção lombar, o paciente deverá permanecer em repouso relativo por algumas horas e ingerir bastante líquido, embora essa recomendação não seja obrigatória atualmente. Aproximadamente 10% das pessoas, independente desse cuidado, poderão sentir dor de cabeça. Essa dor pode ser forte, acontece ao levantar e melhora ao deitar. Se o paciente apresentar essa dor, deverá ficar em repouso e entrar em contato com seu médico, para maiores orientações.

Após a coleta do líquido cefalorraquidiano na região lombar, podem ocorrer, além da dor de cabeça, dormência passageira nas pernas, dor no local da punção e, excepcionalmente, infecção. São descritas, raramente, nos casos de punção no pescoço, complicações com dano neurológico, tais como: lesão do centro respiratório, cardíaco, e hemorragia no espaço subaracnoide. Entretanto, a incidência dessas complicações é muito pequena, ocorrendo em raríssimas ocasiões.

Havendo qualquer dúvida, o paciente receberá dos médicos esclarecimentos ou outras informações sobre os benefícios e riscos que podem surgir no decorrer do exame.